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A Magia dos Dados
... está bem longe deles
"Não são nossos talentos que mostram quem realmente somos; são as nossas escolhas."
Magia dos Dados.
Eu acho essa expressão muito paradoxal.
Magia é algo figurado, abstrato, que não temos capacidade de explicar como aconteceu.
Dados são concretos, factuais, normalmente baseados em aplicações matemáticas, lógicas ou estatísticas.
Juntar as palavras dessa forma sempre me causou estranheza, pelo menos até pouco mais de 2 anos.
Em fevereiro de 2023, fiz minha primeira palestra após a criação da Witly (até já falei sobre ela por aqui).
Na hora de apresentar, fui introduzido como “O Mago dos Dados”.
E o Leandro, quem me apresentou, é uma das pessoas com maior habilidade de comunicação que eu conheço.
Depois da palestra comentei com alguns amigos que estavam lá que achava aquela expressão no mínimo estranha e expliquei o motivo.
Um deles respondeu “Mazzillo, tirar decisões dos dados pode ser concreto pra você, mas ninguém aqui faz ideia como tu chegou naquelas visões, pra gente parece magia.”
Minha ficha caiu, realmente para quem não trabalha com isso no dia a dia, pode ser algo bem complexo.
E o complexo não é parte matemática/estatística de analisar os dados em si, e sim conseguir fazer o processo de ponta a ponta.
Desde identificar um potencial problema ou oportunidade, entender a situação, expandindo a visão ao invés de restringi-la ao problema que está na mesa.
A partir disso, entender de fato o que precisa ser analisado, como precisa ser analisado e quais são os outros impactos e as outras visões que podem ser adicionados ao estudo para melhorar a tomada de decisão.
Até conseguir chegar em uma leitura que “ilumina o caminho” para todo mundo, que dá clareza, confiança e assertividade na decisão.
Afinal, análise de dados nunca é fim, é meio.
Eu analiso dados para tomar melhores decisões. ´
Não é para montar um relatório/dashboard bonito, não é para aplicar um método estatístico legal, muito menos para parecer inteligente.
Eu analiso dados para aumentar a minha chance de acerto. Para conseguir enxergar o que ninguém mais está vendo.
A Witly nasceu com essa visão. Entregar clareza de decisão e melhoria de resultados com os dados.
Não é o dashboard, não é a integração de dados, não é a automação ultra tecnológica que ganha o jogo, me desculpa. É o que você tira deles.
E é aqui que está a magia. É aqui que a expressão “Magia dos Dados” ganha sentido:
Em você conseguir tirar dos dados a conclusão que ninguém mais consegue. A clareza de qual caminho seguir.
Falando com um amigo essa semana ele me trouxe uma situação que mostrou exatamente isso.
Ele contratou um engenheiro de dados de alto calibre, pagou um salário alto e liberou recursos para usar as ferramentas mais modernas possíveis.
O projeto: montar um sistema de inteligência de dados que fizesse a empresa orientar suas decisões a dados.
3 meses se passaram, muito dinheiro foi “investido” e nada mudou na empresa.
As bases de dados estavam criadas, as integrações ultra avançadas também. Alguns dashboards iniciais foram disponibilizados para o time, mas eles não facilitavam a decisão.
Na verdade, só trouxeram mais dúvidas.
E enquanto o time estava perdido e o negócio cego, o profissional, em questão, estava muito mais preocupado com a parte técnica do que com o resultado do negócio.
Faltava magia.
Você pode até argumentar comigo que talvez o problema fosse o profissional, mas a grande verdade é que o problema era a forma com que as pessoas enxergavam o trabalho com dados.
Após 2 anos e meio da palestra que comentei, o tema “dados” ganhou muita força.
Porém, a abordagem geral que as pessoas têm usado, a comunicação e os próprios produtos vendidos apontam para algo técnico e não para algo estratégico como deveria ser.
Inclusive, esse é um dos motivos de estar escrevendo esse texto – contar para você que análise de dados deveria ser algo extremamente estratégico, alinhado à visão de negócio, alinhado a temas de crescimento, inteligência de mercado e tomada de decisão.
Como não quero ser a pessoa que reclama e não traz sugestões, me dediquei essa semana a colocar em palavras o que é essa tal “Magia dos Dados”.
Essa é a síntese de como eu enxergo a coisa hoje (esteja eu certo ou errado, você está livre para discordar de mim).
Fazer magia com dados é a arte de dominar 5 grandes elementos:
O primeiro é a Mentalidade Estratégica.
Ter uma visão ampla sobre qualquer desafio que chega até você é crucial. É enxergar o problema em sua totalidade, os impactos a longo prazo e as oportunidades ocultas em meio aos desafios aparentes.
É tentar ver além do problema e da situação que está na mesa.
No caso que comentei, o engenheiro de dados não entendeu que o real desafio era “fazer a empresa orientar suas decisões a dados”. A montagem do sistema era o meio para isso.
Quando você não acerta essa abordagem tende a focar os seus esforços em coisas que não vão mudar o jogo.
O segundo é ter repertório, um “Acervo de Conhecimentos”.
Um profissional com habilidade real de análise de dados, tem uma biblioteca mental recheada de casos, perguntas e hipóteses já exploradas, o que acelera a identificação dos pontos a explorar.
É isso que abastece uma das habilidades mais diferenciais de uma pessoa analítica: o reconhecimento de padrões.
Isso faz você acessar respostas de forma muito mais rápida do que a média das pessoas.
É a base que permite enxergar o que ninguém enxerga e fazer a pergunta que ninguém faz.
O terceiro é um conjunto de “Gestão, Disciplina e Prática”.
Aqui está a capacidade de estar toda hora procurando oportunidades nos dados e treinando o processo de análise (do entendimento do problema até a tomada de decisão).
E tão importante quanto isso, é aqui reside a habilidade de saber envolver as pessoas certas no processo.
Não adianta ter ótimos dados sem um plano disciplinado de acompanhamento.
Assim como não adianta ter excelentes hipóteses e não conseguir os dados que vão confirmá-las ou refutá-las.
Quem quer ficar realmente bom nisso, tem que estar toda a hora treinando, assim como qualquer habilidade.
O quarto elemento é a “Inteligência Analítica e Técnica”
Um amigo meu define isso aqui como “saber chutar com as duas pernas”.
Quem tem essa habilidade, tem muito mais recurso para enfrentar diferentes situações, muito mais chance de acertar a melhor abordagem para a situação.
E masterizar essa habilidade exige unir o técnico (análise estatística, capacidade analítica, criação de dashboards, etc…) e o estratégico (visão sistêmica, conhecimento de estratégia e mercado).
É saber a melhor forma de responder as perguntas certas.
O quinto, e último elemento, é a “Argumentação e Comunicação Assertiva”
E esse é o elemento que vejo muita gente boa em análise ignorar.
Eu mesmo já vi muita análise incrível ir pro buraco, porque a pessoa não soube apresentar os resultados, não soube analisar o receptor da mensagem a ponto de adaptá-la para gerar um melhor entendimento.
Ter habilidade de se comunicar, em muitos casos, vai ser o divisor de água entre a sua análise incrível ser levada em consideração ou não.
Não é porque você chegou a uma conclusão usando uma lógica perfeita de dados que as pessoas vão concordar com você.
A verdade é que não é possível ser um profissional fantástico de dados sem ser um bom comunicador.
É essa habilidade que vai traduzir resultados complexos em visões claras e acionáveis, garantindo que a mensagem seja entendida por todos envolvidos.
E é a união destes 5 elementos que formam a “Magia dos Dados”.
Quando você aprende a usar essa magia, o seu valor muda.
Você deixa de ser alguém que analisa números para ser alguém que gera resultado.
Seu momento de reflexão
- Como você tem tomado as suas decisões?
- Será que elas podem melhorar adicionando um pouco de magia?
Espero que tenha curtido o percurso de hoje. (por sinal, se você chegou até aqui, acredito que vá achar a milha a mais de hoje interessante.
Grande Abraço,
Mazzillo
Dados (conflitantes) no Cotidiano
Fiz uma breve pesquisa sobre indicadores de uso de dados nas empresas e sobre a maturidade dos profissionais e, claramente, existe um contraste gigante entre elas.
- 86% das empresas latino-americanas já usam soluções de dados, analytics e IA, segundo pesquisa da IDC;
- 63% das empresas brasileiras que já adotaram analytics utilizam IA — e 70% delas fazem isso para obter insights preditivos;
- Porém, somente 7% dos executivos têm maturidade em dados, de acordo com a Ernst & Young e
- Apenas 5% das empresas brasileiras acreditam fazer bom uso da inteligência de dados, segundo estudo citado pela GS1 Brasil
Será que falta "MAGIA"?
Vá uma milha a mais
Minhas análises indicam que, se você chegou até aqui, algum interesse em usar análise de dados para ter mais resultados você tem.
Depois de todas as reflexões que levaram a essa Newsletter - de enxergar a necessidade de profissionais melhores de dados e de bastante pressão de amigos do mercado querendo contratar esses profissionais - resolvi montar uma pequena turma de mentoria para ensinar esse processo de “Magia de Dados”.
Quero mudar essa visão que está se alastrando sobre dados ser um conhecimento puramente técnico e compartilhar um pouco do conhecimento que juntei sobre o assunto nos últimos 15 anos trabalhando com isso.
Se você tem interesse, responda esse e-mail que marcamos um papo para eu te contar o que pensei.