Você tem jogado pinball?

Ou está deixando tudo passar?

Só existe algo mais doloroso do que aprender com a experiência — é não aprender nada com ela.

Archibald Macleish, poeta.

Por que a corrida é uma fonte tão boa de ideias para mim?

Essa foi a reflexão que lancei para mim mesmo antes de começar a corrida de sábado.

A primeira construção que tive que responder foi como as ideias surgem na minha cabeça.

O processo, para mim, é um pouco estranho, lembra um jogo de pinball.

Essa, por sinal, é a analogia mais peculiar que já pensei).

Imagine que cada novo estímulo, informação ou dado que se apresenta a você funcione como a bolinha do pinball.

Você a lança para dentro da sua cabeça e começa o jogo de ter ideias e reflexões.

Quanto mais você trabalha aquela informação, mais pontos faz. Quanto mais pontos, maior o potencial das ideias que você tem (em volume e qualidade).

Para fazer muitos pontos no pinball, você precisa manejar bem as duas palhetas na parte inferior que jogam a bolinha para cima, além de mirar nos alvos (bumpers) corretos para fazer mais pontos antes que a bola passe por entre as palhetas e o jogo acabe.

Cada elemento na mesa de pinball representa um fator importante para ter boas ideias.

A Bolinha (as informações que chegam até você)

Não existe jogo de pinball sem a bolinha, assim como não existe processo de aprendizado sem informações.

Nunca foi tão fácil o acesso à informação como temos hoje.

E como tudo que é muito disponível, o nível de valorização das pessoas nunca foi tão baixo.

“Pra que vou me dedicar a aprender algum conteúdo se é só perguntar para a IA?.”

Ouvi essa pergunta mais vezes do que gostaria nos últimos meses.

Diferente do pinball tradicional, onde cada bolinha gera a mesma quantidade de pontos, no pinball das ideias, quanto mais refinada a informação que você joga, maior a sua chance de fazer grandes pontuações.

Agora, só podemos jogar um jogo por vez, então filtrar o que de fato é informação e o que é ruído antes de começar a jogar é a habilidade mais importante aqui.

Os Flippers, ou Palhetas (seu processo de reflexão)

Com a bolinha lançada, o que diferencia um bom jogador de um mal, é a habilidade que cada um tem de manusear as palhetas.

Quanto mais hábil e rápido o jogador for, menor a chance de deixar a bolinha passar e o jogo acabar.

Assim como no pinball, em que o reflexo e a técnica fazem toda a diferença no jogo, nosso processo de pensamento e de ter ideias depende do nosso treino.

Quanto mais você se forçar a realmente raciocinar sobre determinado assunto, mais rápidas serão as suas palhetas e o seu reflexo.

Quanto mais vezes você fizer isso, prestando a atenção no processo, observando seus erros e seus “gaps”, mais você vai aumentar sua pontuação e capacidade de geração das ideias.

O Espaço entre as Palhetas (seu nível de atenção)

Eu sei que no pinball a distância entre as palhetas não muda, mas no processo de aprendizado é como se ela aumentasse conforme a nossa atenção diminui.

Esse talvez seja o ponto em que todos temos a maior possibilidade de melhoria. Estarmos atentos e focados no processo, ao invés de fazermos mil coisas ao mesmo tempo.

Você já percebeu como duas pessoas podem ler o mesmo livro, assistir ao mesmo vídeo e apenas uma delas tirar proveito daquilo?

É exatamente esse o efeito que o distanciamento das palhetas gera. Quanto menor a atenção, maior a probabilidade de a bolinha passar pelo campo sem atingir os alvos e ainda sem que você tenha feito alguma reflexão a respeito.  

Os Bumpers (seu conjunto de experiências e conhecimento)

Voltando ao exemplo do livro e do vídeo, já percebeu como as pessoas podem tirar interpretações, visões e lições completamente diferentes consumindo o mesmo conteúdo?

A culpa disso é dos bumpers, as famosas peças que ficam ao longo do campo do pinball e que geram pontos quando a bola bate nelas.

Os bumpers no nosso caso são o nosso conjunto de experiências e conhecimentos já construídos.

Quanto mais riqueza de conhecimento tivermos ali, mais completo será o nosso campo de jogo e mais fácil será fazer altas quantidades de pontos.

Isso se constrói obrigatoriamente com uma mistura de tempo e dedicação. 

Conseguimos acelerar o tempo só até certo ponto (e normalmente aprendendo com os aprendizados de pessoas mais experientes).

E conseguimos acelerar a dedicação conforme a prioridade que damos ao conhecimento.

Os Pontos (sua capacidade de assimilação para gerar novas ideias ou a internalização de conhecimento que você fez)

Junte um campo repleto de bumpers, uma velocidade alta, um reflexo rápido nas palhetas com uma atenção ao processo e sua quantidade de pontos (e ideias) vai explodir. 

Você vai começar a tirar muito mais resultado das informações e conteúdo que você consome e, aí, usar ferramentas que aceleram a obtenção desses conhecimentos, como as IAs, passará a fazer muito mais sentido.

Agora, é só não focar em construir conhecimento e experiências de verdade, não treinar o estudo e ficar desatento ao processo que sua soma de ideias e pontos será a mesma: zero.

Quis trazer essa reflexão para, de forma ilustrada, mostrar o motivo das pessoas estarem assimilando tão pouco conhecimento.

A IA criou uma fonte infinita de novos estímulos e informações, porém nossa atenção está cada vez mais dissipada e nosso processo de reflexão cada vez menor e mais lento.

Dessa forma, o jogo até inicia, mas costuma acabar com uma baixíssima quantidade de pontos.

Você até pode tirar algum valor do processo, mas o recorde de pontuação que pode mudar o seu jogo vai ficar em cima da mesa (de pinball).

Ahh e para não deixar de responder à pergunta inicial: por que a corrida é uma fonte tão boa de ideias para mim?

Simples, é o momento que estou mais atento ao presente e às minhas reflexões.

A distância entre as palhetas é a menor possível e o movimento delas está mais rápido do que qualquer outro momento, logo, faço mais pontos no peculiar jogo de ter ideias.

Seu momento de refletir

- Você está investindo em equipar a sua mesa de pinball com conhecimentos e experiências?

- E sua atenção? Será que você não está perdendo muitos pontos por estar muito ocupado?

Espero que tenha curtido o percurso de hoje.

Grande abraço e até a próxima milha,

César Mazzillo

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Dados no Cotidiano:

A IA está dominando o ensino superior.

No Brasil, 7 de cada 10 estudantes universitários usam a IA nos estudos 

Uma pesquisa recente mostra que a maioria dos universitários brasileiros (70%) já utiliza ferramentas de Inteligência Artificial na educação.

A pesquisa, realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes) em parceria com a Educa Insights, revelou que 29% dos entrevistados as usam diariamente, enquanto 42% o fazem semanalmente, totalizando 71% que utilizam a IA de forma frequente.

Agora cabe avaliarmos se a performance está melhorando ou não, mas ainda não temos dados sobre isso...

Vá uma milha a mais: 

Essa semana recebi em uma newsletter que acompanho (100 CEOs) um texto sobre “Qual habilidade que ninguém está ensinando aos filhos, mas você está”.

Nela, Steven Bartlett fez essa pergunta a 6 CEOs e as respostas são bem interessantes, sugiro que você leia.

Como não existe link direto para o texto, fiz a compilação e tradução dele aqui, junto com a versão original.